A pandemia do novo coronavírus deixará marcas profundas nas famílias, empresas, economia, tecnologia e também nas relações de trabalho. O RH nunca mais será o mesmo. As mudanças ocorridas durante essa tragédia mundial serão permanentes, e temos que nos acostumar e nos adaptar a elas.
O teletrabalho passou a ser uma ferramenta de uso amplo. As pessoas não precisam mais se locomover para participar de uma reunião, ganhando tempo e consequentemente aumentando a produtividade, fato este que já está sendo confirmado em algumas pesquisas.
Mas não são só coisas boas, o trabalho remoto também vem trazendo algumas contraindicações. O estresse parece estar aumentando por coisas aparentemente simples, como por exemplo, em uma reunião virtual, quando você está com a palavra e se torna o centro da atenção geral dos participantes, muito mais do que nas reuniões convencionais.
O trabalhador também tem a tendência de perder o seu “time” de horário de trabalho, podendo estendê-lo além do normal. Algumas empresas já até possuem software para limitar este horário. Uma outra coisa inusitada é o fato de você se ver em tempo integral em uma tela durante uma reunião, o que também pode aumentar o estresse.
Tenho a impressão de que haverá um forte movimento para não se perder a “cultura da empresa”, que se constrói no dia a dia das relações interpessoais. Com o teletrabalho, isso fica mais distante e difícil de se manter. Esses são alguns dos sinais de alertas que já surgem no horizonte.
Mas temos também o lado positivo. A qualidade de vida pode estar a um passo de melhorar significativamente. Teremos maior tempo para estar com a família, aquele tempo que perdíamos no trajeto pela manhã e à noite. Aqui em São Paulo, o tempo ganho somado chega em média a três horas diárias, e isso não é pouco!
Mas e o medo que alguns estão sentindo de serem esquecidos pelas empresas? E o marketing pessoal, que é uma prática inerente ao trabalho, como fazê-lo sem uma relação
presencial? Esse medo é realmente fundamentado. Você não estar presente, não tomar aquele cafezinho com os colegas, com seu superior, não “vender” pessoalmente seus projetos, cria um certo distanciamento.
O que acredito que ocorrerá será a expansão para um trabalho híbrido, parte da semana em teletrabalho e outra parte presencial em escala de revezamento com seus colegas, pois as empresas diminuirão os espaços nos escritórios, economizando em aluguel e em outros custos fixos.
Mas não se preocupe! O ser humano é dominante em nosso planeta pela sua capacidade de adaptação, e nós vamos nos adaptar a esse “novo normal” e tirar proveito dele, aumentando a nossa produtividade na empresa e a nossa qualidade de vida.
E o RH está com muitos desafios pela frente. Terá que ter um grande foco na saúde mental do trabalhador e no investimento em novas tecnologias para sustentar esse “novo normal”.
Ricardo Brandão é Diretor Comercial e Novos Negócios na VRS.